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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A terra está doente, mas pode ficar saudável


Mudanças climáticas põem em risco o futuro do planeta e, também, o dos nossos filhos e netos.
 
Nosso planeta está doente. Mudanças no clima nos últimos 200 anos afetaram a saúde da Terra. Se os habitantes - o que inclui governos e empresas, além da sociedade - não agirem, seus filhos e netos terão o futuro comprometido.




O efeito das mudanças climáticas é o aquecimento global. Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) alerta que a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século, se mantido o crescimento dos níveis de poluição da atmosfera (porção de ar que envolve a Terra). Mas não é em todas as regiões que vai esquentar - o desequilíbrio causado pelo aquecimento global tornará alguns locais mais frios.



ENTRE O BEM E O MAL

Em torno da Terra sempre existiu uma camada de gases, chamada efeito estufa, que funciona como isolante térmico, mantendo a temperatura global. "O efeito estufa é benéfico, pois sem ele não haveria vida na Terra", diz Rachel Biderman, coordenadora dos Programas de Sustentabilidade Global e Consumo Sustentável do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV).



Segundo ela, o problema é que a emissão de gases, como o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), torna o efeito estufa maléfico - e provoca alterações no clima. O CO2 é produzido toda vez que há queima de fontes "sujas" de energia, como petróleo, carvão e gás natural. Fala-se que elas são sujas porque poluem a atmosfera.



CICLONE TROPICAL

É fácil ter uma idéia do que o aquecimento global acarreta: a humanidade vem enfrentando fenômenos climáticos mais freqüentes e violentos do que em outros tempos, como tempestades, furacões e ciclones. O Brasil viu o seu primeiro ciclone tropical em 2004. Com ventos de até 180 km/h e fortes chuvas, o Catarina destruiu 40 mil casas em cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.



TRÊS DANOS REAIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

- Derretimento das geleiras eternas do topo de montes como Fuji, no Japão, e Kilimanjaro, na Tanzânia: os rios dos vales no entorno dos picos são alimentados pelo degelo da neve no verão. E seu volume está diminuindo, prejudicando a irrigação de culturas agrícolas e a produção industrial que depende da água.

- Derretimento das calotas polares no sul e no norte: pedaços de gelo de água doce alteram a salinidade do mar, causando mudanças no clima e na cadeia alimentar. O urso polar, por exemplo, já tem dificuldade para achar comida.

- Savanização da Amazônia: se a devastação continuar, por causa da pecuária, das fazendas de soja e da extração de madeira, e o clima esquentar, a floresta vai virar um cerrado (terreno plano, com trechos de seca). Com isso, várias espécies locais vão acabar. E, sem a força do "pulmão do planeta", a emissão de gases poluentes ganhará força, prejudicando a Terra.



EFEITO ESTUFA RUIM "SUFOCA" A TERRA

Normalmente, o calor do sol atravessa a camada de gases que formam o efeito estufa em torno da Terra e, após chegar à superfície terrestre, retorna ao espaço e se dispersa. Mas, como essa camada de gases está muito grossa, boa parte do calor não consegue atravessá-la na volta. Assim, fica na atmosfera e causa mudanças no clima.



"Aí, o efeito estufa funciona como a tampa de uma panela que não deixa o vapor sair", explica a especialista Rachel Biderman.



CONSUMO ESGOTA RECURSOS NATURAIS

Se a industrialização, por si própria, já provocou um estrago enorme ao planeta, outros fatores ajudaram a ampliar a degradação. O surgimento das fábricas, a partir da Revolução Industrial, no século 18, propiciou a produção em massa de alimentos, roupas e outros itens. Trouxe conforto, é verdade, mas, ao mesmo tempo, gerou um ciclo de produção e consumo irresponsável. O aumento das populações nas cidades levou a uma maior produção de itens para alimentá-las. Essa produção, por sua vez, exigiu grandes quantidades de fontes de energia "sujas", conforme já foi dito. Isso sem falar no próprio lixo que resulta de todo esse processo e, não raro, é despejado de forma imprópria na natureza. Em resumo, os recursos naturais foram sendo minados, em vez de repostos, criando um ciclo de insustentabilidade - ou seja, que não se sustenta - e precisa ser revisto.



A boa notícia é que dá para salvar a Terra de um desastre maior. Nós, habitantes da Terra,

temos obrigação de criar alternativas sustentáveis para o sistema capitalista industrial. Isso significa colocar a qualidade de vida (do planeta e das pessoas) em primeiro lugar. Não significa, por outro lado, reduzir o nível de investimento das empresas ou ter uma vida menos confortável. Trata-se de valorizar os recursos naturais, que continuam sendo desperdiçados.



É preciso rever padrões de produção e consumo, sem comprometer o ritmo de crescimento das nações. Um ponto essencial é substituir energias não renováveis pelas renováveis, como a eólica (produzida pelo vento) e a solar. Esse trabalho precisa começar hoje. Portanto, sem essa de pensar: "Já que a Terra está doente, vamos aproveitar o que resta dela". Como diria Al Gore, candidato derrotado à Presidência dos EUA e celebridade da causa ambientalista, "cada um de nós é uma causa de aquecimento global, mas cada um pode se tornar também parte da solução".



COMO CADA UM PODE SALVAR O PLANETA



- Governos precisam investir em pesquisas para que os cientistas criem tecnologias que combatam as mudanças no clima.

- Instituições financeiras devem emprestar dinheiro a custo baixo para as firmas comprarem máquinas que produzam de forma "limpa".

- Empresas têm que rever modelos de produção e dar o exemplo com ações de responsabilidade ecológica e social.

- Consumidores devem exigir que supermercados, feiras e outros comércios tenham cada vez mais produtos feitos com respeito ao meio ambiente. Escolas devem ensinar os jovens sobre isso, pois eles são os adultos de amanhã.



PARA SABER MAIS



"Uma Verdade Inconveniente" (Ed. Manole): livro do candidato derrotado à Presidência dos

EUA, Al Gore, que alerta sobre os perigos do aquecimento global. O livro virou um documentário, que ganhou o Oscar 2007. Disponível em DVD para compra e locação (verifique o preço na locadora da sua preferência).

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